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Haras AJ

   Pode-se dizer que foi aos 16 anos de idade, em 1946 (antes, portanto, da fundação da Associação do Mangalarga Marchador), que Antônio de Andrade Ribeiro Junqueira começou realmente seu criatório, pois embora houvesse ganho de sua mãe Hermínia uma égua e uma poldra Mangalarga Marchador em 1942 (a égua teve mal de cadeiras e nunca criou e a poldra foi a notável Providência Beleza), só começou a anotar as padreações em 1946. As éguas da Fazenda Providência, situada no então distrito de Planalto (que fica entre S.J. Rio Preto e Araçatuba), de um modo geral, foram trazidas do Sul de Minas pelo avô materno de Antônio (Arlindo Ribeiro de Andrade), nascido na Fazenda do Mato Sem Pau, então município de Lavras, MG, alguns anos após ter o mesmo adquirido a Fazenda Providência na década de 1920.

   Tendo doado esta Fazenda a seus filhos, Hermínia (Secção do Pau d’Alho), Emília (Secção do Barreiro) e Samuel (sede), em 1937, foram as éguas também objeto de doação aos mesmos, Samuel retirou logo a sua parte, ficando em comum as éguas pertencentes a Hermínia e Emília. Em 1946, quando foi passar as férias na Fazenda Providência, Antônio pediu ao seu avô materno se poderiam ser divididas as éguas de sua mãe e de sua tia, com o que concordou Arlindo; mandando então que um gerente, que tinha para olhar suas Fazendas, o fizesse. Nestas mesmas férias foram os dois plantéis divididos. Em 1942, Arlindo já havia pedido ao seu irmão, então proprietário da Fazenda do Mato Sem Pau (Manoel Ribeiro de Andrade), para lhe vender um garanhão que refrescasse o sangue da eguada pertencente às suas filhas.

   Este garanhão se chamava Nilo. Apoiou o seu criatório em 3 éguas bases que foram: Providência Beleza, Providência Princesa e Providência Creoula (éguas antigas do criatório Providência, sem sangue do Nilo). Em 1946, Antônio começou a anotar as padreações deste cavalo com as éguas antigas da Fazenda e de algumas, já filhas deste, com as referidas éguas antigas.

   Em 1951, Antônio resolveu ir até a Fazenda Abaíba comprar um garanhão de seu pai.
   Entre os garanhões que viu: Abaíba Emir, Abaíba Eldorado, Abaíba Muqui, Abaíba Naipe e Abaíba New York (estes dois últimos, potros ainda, com 3 anos de idade), ficou logo, assim que o viu sair da cocheira, apaixonado pelo Eldorado.

   Embora soubesse que era difícil adquirir esse garanhão, Antônio não conseguiu escolher outro. Voltou para São Paulo, e qual não foi sua surpresa, quando teve notícias que o Eldorado vinha vindo por estrada de ferro (que era o transporte da época) acompanhado pelo Darcy Pinheiro (criado desde os 12 anos por Erico, sendo seu peão de confiança). Conseguiu Antônio que Eldorado ficasse descansando alguns dias no Parque da Água Branca; enquanto isso, mandou chamar o fiscal da Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho), João Pedro Rodrigues, para vir busca-lo. Juntos, embarcaram Eldorado (também por estrada de ferro) para São João do Rio Preto. De automóvel, Antônio e o fiscal da Fazenda foram acompanhando a viagem do cavalo, parando em algumas cidades onde informaram-se onde o vagão com o cavalo ia parar, para dar ração, verde e água ao mesmo. Em São João do Rio Preto, Eldorado foi desembarcado e foi por terra puxado pelo cabresto por João Pedro Rodrigues e um peão da Fazenda, que o estava esperando, com dois cavalos de custeio, até a Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho), descansando nos pontos de pouso que existiam para boiadas. Infelizmente naquela época, não existiam caminhões com grade. Assim, no 2º semestre de 1951, Abaíba Eldorado chegou à Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho). Cobriu, nesse ano, praticamente, todas as éguas do plantel e algumas do plantel de sua tia (Emília). Como nessa época estava ocorrendo nessa região uma espécie de epidemia, "mal das cadeiras", e o tratamento era difícil e prolongado, Antônio resolveu levar as éguas para a Fazenda Lagoa Formosa, de seu avô. Foi nesta Fazenda que nasceu Retrato, o 1º filho de Abaíba Eldorado, em terras paulistas, em 24/10/1952.

   Antônio mandou Retrato, beirando os 5 anos de idade, de presente para seu pai. Lá, foi o mesmo registrado com o prefixo Abaíba, passando a se chamar Abaíba Retrato (reg. 101). E é ele o pai de Abaíba Marengo. Com exceção de Retrato, nesta primeira prole, todos os filhos de Abaíba Eldorado, receberam nomes começados pela letra A: assim tivemos Providência Alvorada, Providência Argentina, etc. No ano seguinte a letra B e assim sucessivamente. Infelizmente, os animais só puderam permanecer um ano, na Fazenda Lagoa Formosa, pois havia carência de fósforo na região e várias éguas começaram a aparecer com "cara inchada". Voltaram a eguada e o Eldorado então para a Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho). Lá o criatório continuou por muitos anos, até mais ou menos 1972, tendo sido levado depois para a Fazenda Lagoa Formosa novamente, pois Antônio recebera por doação de sua mãe esta fazenda.

   Muitos foram os bons produtos, nascidos de Abaíba Eldorado, na Fazenda Providência, destacando-se as fêmeas: Providência Alvorada, Providência Argentina, Providência Baroneza, Providência Índia, Providência Ilíada, Providência Jóia, Providência Dalila, Providência Cigana, Providência Garoa, Providência Helena, etc., e os machos: Abaíba Retrato, Providência Famoso, Providência Garoto, etc.. Tendo um número já de poldras, na idade de cobertura e não encontrando um outro reprodutor à altura de Abaíba Eldorado, usou-o nas próprias filhas, tendo obtido um excelente resultado. A seleção do rebanho deu um salto enorme e daí destacaram-se as seguintes fêmeas: Providência Eletra (filha de Providência Argentina), Providência Helenice (filha de Providência Dalila), Providência Haia (filha de Providência Cigana), Providência Jandaia (filha de Providência Dalila), Providência Mara (filha de Providência Alvorada), Providência Morena (filha de Providência Garoa), Providência Nuvem (filha de Providência Alvorada), etc., e os machos: Eldorado II (que morreu novo e filho de Providência Alvorada), Providência Imã (filho de Providência Baroneza), Providência Itú (filho de Providência Alvorada), Providência Júpiter (filho de Providência Alvorada), Providência Leblon (filho de Providência Alvorada), etc.. Em 1959, Abaíba Eldorado foi trazido a São Paulo, com dezenove anos de idade, na III Exposição – Feira de Gado Leiteiro e Cavalos Marchadores e sagrou-se o Campeão da Raça. Acreditamos ser o 1º cavalo Mangalarga Marchador, registrado, campeão em São Paulo.

   Estando Providência Itú com 3 anos, foi então experimentado no plantel, cobrindo algumas éguas. Quando Abaíba Marengo estava mais ou menos com 1 ano de idade (nasceu em 17/10/1964), Antônio pediu para seu pai para traze-lo, recria-lo na Fazenda Providência, e tirar algumas produções do mesmo; enquanto isto, Itu iria para a Fazenda Abaíba e permaneceria lá. Assim, veio o Marengo para a Providência, onde seus olhos tristes viveriam anos de extrema felicidade. Abaíba Eldorado morreu aos 24 anos de idade, portanto em 1964, na Fazenda Providência, em conseqüência de uma pancada que tomou na soldra e que infeccionou. Providência Itu foi usado em 1965 e depois foi emprestado à Fazenda Abaíba. Neste interregno de tempo foram usados os garanhões Providência Júpiter e em algumas éguas Providência Escudo, até que Abaíba Marengo completasse 3 anos. Abaíba Marengo foi recriado e usado no rebanho até 1972, quando devolvido à Fazenda Abaíba. Deixou numerosa descendência de ótima conformação e andamento, tendo se destacado à Campeã Nacional, em Goiânia 1973, Providência Pastora. E o Campeão Nacional, Providência Regente, em Campos – RJ, em 1975. Deixou muitas outras filhas e filhos.

   Um filho de Abaíba Marengo, Providência Quartzo, nesse intervalo de tempo foi usado em algumas éguas. Tendo retornado da Abaíba em 1972, foi Providência Itú para a Fazenda Lagoa Formosa e começou a servir parte do plantel que já havia ido para lá.

   O restante do plantel, que havia ficado na Providência, foi servido por Providência Quartzo. Antônio, quando levou parte do plantel para a Fazenda Lagoa Formosa, começou a utilizar em todo o criatório (da letra U, inclusive, em diante), o sufixo A.J. no lugar do prefixo Providência. Em 1974, também foi usado no plantel Providência Regente. Em 1975, Antônio pediu a seu pai o Abaíba Reserva emprestado para um período de monta.

   Em 1976, Providência Regente foi usado praticamente em todas as éguas. O plantel, que até 1976 era bem mais numeroso, foi reduzido por Antônio que mandou ao Leilão realizado em Belo Horizonte, neste ano, mais ou menos 28 animais entre machos e fêmeas, tendo batido o Record nacional para o preço de fêmeas de todas as raças, com Providência Quimera (Cento e cinco mil cruzeiros). Em 1977, além de Providência Regente, foi usado também Xerife AJ. Em 1978, solicitou Antônio a seu pai o empréstimo novamente de Abaíba Reserva, que foi colocado com todas as éguas da Fazenda. Em 1979, as coberturas foram divididas entre Providência Regente e Xerife AJ.

   Em 1980, foram as éguas cobertas por Xerife AJ, Abaíba Eros e Providência Regente. Em 1981, foram novamente Providência Regente e Xerife AJ que padrearam as éguas. Em 1982, 1983,1984 e 1985 foi Abaíba Gim o principal padreador do rebanho. Em 1986, 1987 e 1988, as coberturas do plantel foram distribuídas entre Providência Regente, Abaíba Gim e Hércules AJ. Muitos foram os prêmios obtidos pelos animais de prefixo Providência, como também de sufixo AJ, além dos records de preços em leilões, que começaram com Providência Quimera, em Belo Horizonte em 1976, e se estenderam até este ano com Banda AJ no II Leilão Abaíba, da Marca Âncora, passando nesse espaço de tempo por Herança AJ, Xerife AJ, Cobiça AJ, Uniforme AJ, etc., alguns já em mãos de outros proprietários.

   Antônio, se sente certamente realizado como associado ao cavalo Mangalarga Marchador, desde já, pelo fato de ter sido o criador de Providência Itú e de União AJ, que considera os melhores animais que seu criatório já produziu até o momento. São 43 anos de criação, com aproximadamente 1.000 produtos nascidos sob as legendas Providência e A.J., tornando-se assim um marco na moderna História da Raça Mangalarga Marchador.

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