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O Mangalarga Marchador
uma raça brasileira

DESCRIçÃO

Fundado no Brasil, no Sul do Estado de Minas Gerais, o Mangalarga Marchador tem como função principal a marcha, que é distinta das outras encontradas nos demais marchadores do mundo. A marcha, que é o passo acelerado, se caracteriza por transportar o cavaleiro de maneira cômoda, pois não transmite nele os impactos ocorridos com os animais de trote.

Durante a marcha, o Mangalarga Marchador descreve no ar um semicírculo com os membros anteriores e usa os posteriores como uma alavanca para ter impulso. Marchando, ele alterna os apoios nos sentidos diagonal e lateral, sempre suavizados por um tempo intermediário, o tríplice apoio, momento em que três membros do Mangalarga Marchador tocam o solo ao mesmo tempo.

O andamento genuíno do Mangalarga Marchador é acompanhado de outras importantes características. Temperamento ativo e dócil: pode ser montado por pessoas de qualquer faixa etária e nível de equitação; resistência: grande capacidade para percorrer longas distâncias e enfrentar desafios naturais; inteligência: seu adestramento é fácil e rápido em relação a outras raças de sela; rusticidade: opção de se criar somente em regime de pasto, diminuindo seu custo de produção e manutenção, facilitando seu manejo. A rusticidade é observada também na facilidade de adaptação a quaisquer terrenos e climas como o tropical, temperado ou frio.

Alguns dados de morfologia também são importantes para se reconhecer o Mangalarga Marchador. Ele é leve, mas não deixa de ser forte e musculoso. O conjunto de frente mostra leveza, com cabeça triangular e o pescoço piramidal. O tronco é forte, com costelas bem arqueadas. Nos membros, os tendões são vigorosos e bem delineados. é um cavalo mediolíneo, com altura mínima de 1,47 e máxima de 1,57 metros, sendo 1,52 a altura ideal.

OBJETIVOS DA RAÇA

Os objetivos da raça - também conseguidos através do adestramento dos animais - são as exposições , os concursos de marcha, o enduro, a lida com o gado e as provas funcionais.

Anualmente são realizados 80 a 100 eventos nos diversos Estados do País, o que comprova a grandeza do Mangalarga Marchador, que gera 43 mil empregos diretos e mobiliza 200 mil pessoas indiretamente.

A fácil atuação do Mangalarga Marchador frente a obstáculos naturais demonstra sua aptidão nata para o trabalho e esportes em geral. No enduro, os animais da raça têm valorização crescente pela comodidade da marcha, que garante conforto ao cavaleiro, e pela resistência para percorrer longas distâncias.

A Exposição Nacional, a mais importante mostra do Marchador, é realizada desde 1982 pela Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, e reúne representantes de todos os Estados. Os cerca de 300 expositores levam à pista 600 a 700 animais, todos credenciados anualmente com os títulos de Campeões ou Reservados nas exposições oficializadas.

ABCCMM

A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) foi criada em 16 de julho de 1949, em Belo Horizonte-MG, e ostenta o título de maior entidade de criadores de equinos de uma mesma raça da América Latina.

Sua sede está localizada em:
Belo Horizonte à avenida Amazonas
6.020 Gameleira, Cep 30.510.000
telefax 0XX31. 33796100.
Página na Internet: www.abccmm.org.br
Endereço electrónico: abccmm@abccmm.org.br

Existem aproximadamente 12 mil criadores e proprietários de Mangalarga Marchador no Brasil, sendo que cerca de 6 mil são associados à Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM). A categoria de sócio usuário foi criada em 1990 para atender aos criadores iniciantes que possuem poucos animais e desejam somente usar e expor os animais adquiridos. Seus direitos com relação ao Serviço de Registro Genealógico se limitam à transferência e Registro Definitivo de animais. Eles desfrutam, contudo, de toda a assistência prestada pela Associação na parte social e contribuem com apenas 10% da anuidade que é paga pelo sócio contribuinte.

Os Estados que congregam o maior número de propriedades com criatórios de Mangalarga Marchador são Minas Gerais com 6.033; Rio de Janeiro com 2.887; São Paulo com 1.871; Bahia com 1.546 e Espírito Santo com 722 fazendas.

ABCCMM - PLANTEL DE ANIMAIS

O plantel atual de Mangalarga Marchador gira em torno de 320 mil animais. Os Estados com maior quantidade de animais são Minas Gerais (106.289); Rio de Janeiro (55.443); São Paulo (38.398), Bahia (35.955) e Espírito Santo (13.239).

Desde 1950, quando a Associação fez os primeiros registros de animais, o Serviço de Registro Genealógico já cadastrou cerca de 288.503 animais. Atualmente eles têm um aumento em torno de 1.000 por mês.

No exterior, existem animais Mangalarga Marchador nos Estados Unidos, Europa, Uruguai e Peru.

Entre o nascimento e os 36 meses de idade, potros e potras recebem o Registro Provisório, diante da constatação de paternidade e maternidade. Após os três anos de idade, cavalos e éguas são submetidos a uma avaliação pelos técnicos da Associação, que determinam se os animais estão dentro do padrão da raça e em condições de receberem o Registro Definitivo.

RENDIMENTO DO SEU TRABALHO

A condição de ser um animal resistente, dócil e cômodo e com regularidade permitiu ao Mangalarga Marchador entrar para o Guinness Book, o Livro dos Recordes.
Entre maio de 1991 e julho de 1993, três cavaleiros - Jorge Dias Aguiar, 64 anos, Pedro Luiz Dias Aguiar, 60 anos, e o capataz de Pedro, José Reis, 65 anos - e seis animais da raça fizeram uma cavalgada durante aqueles dois anos, entre os pontos mais distantes do Brasil, Chuí, no Rio Grande do Sul, e Oiapoque, no Amapá, pelo projeto Brasil 14 mil.
Com o retorno a São Paulo, percorreram 19.300 quilômetros.
Uma das maiores estratégias de marketing feitas com a raça, o projeto acabou transformando-se na Cavalgada Mercosul - Projeto Brasil 14 mil, com a inclusão da Argentina e Paraguai, totalizando 25.104 quilômetros.

HISTÓRIA DA RAçA

A raça Mangalarga Marchador é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200 anos na Comarca do Rio das Mortes, no Sul de Minas, através do cruzamento de cavalos da raça Alter - trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal - com outros selecionados pelos criadores daquela região mineira.

A base de formação dos cavalos Alter é a raça espanhola Andaluza, cuja origem étnica vem de cavalos nativos da Península Ibérica, germânicos e berberes. Os cruzamentos dessas raças deram origem a animais de porte elegante, bela postura, temperamento dócil e próprios para a montaria.

Os primeiros exemplares da raça Alter chegaram ao Brasil em 1808, junto com D. João VI, que se transferiu para a Colônia com a família real. Os cavalos dessa raça eram muito valorizados em Portugal e a família real investia em coudelarias (haras) para o aprimoramento da raça. A Coudelaria de Alter foi criada em 1748 por D. João V e viveu momentos de glória durante o século XVIII, formando animais bastante procurados por príncipes e nobres europeus para as atividades de lazer e serviços.

Minas Gerais já se destacava como centro criador de eqüinos desde o século XVIII e a chegada dos cavalos da raça Alter veio aprimorar ainda mais seus criatórios. A Comarca do Rio das Mortes tinha um potencial de ouro muito baixo, mas chamou a atenção dos colonizadores por causa das suas boas condições para a criação de animais. Havia água em abundância e a vegetação era constituída de matas, capões e ervas pardacentas, adequadas para a produção de forragem.

O Mangalarga Marchador teve como berço a fazenda Campo Alegre, no Sul de Minas. Ela pertencia a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, a quem é atribuída a responsabilidade pela formação do Mangalarga Marchador. é recebida como herança de seu pai João Francisco Junqueira. Outro fazendeiro importante na história do Mangalarga Marchador foi José Frausino Junqueira - neto de João Francisco sobrinho de Gabriel Junqueira - um exímio caçador de veados, que aprendeu a valorizar os cavalos marchadores por serem resistentes e ágeis para transportá-lo em suas longas jornadas.

Há várias versões para o nome Mangalarga Marchador, mas a mais consistente está relacionada com a fazenda Mangalarga, localizada em Pati do Alferes, no Rio de Janeiro. O nome da fazenda era o mesmo de uma serra que existia na região. Seu proprietário era um rico fazendeiro que, impressionado com os cavalos da família Junqueira, adquiriu alguns exemplares para os passeios elegantes realizados no Rio de Janeiro. Quando alguém se interessava pelos animais ele indicava as fazendas do Sul de Minas. As pessoas procuravam os fazendeiros perguntando pelos cavalos da Fazenda "Mangalarga" e esta referência se transformou em nome. O "Marchador" foi acrescentado devido a sua função de marchar.



Autora: Paula da Silva